quarta-feira, 23 de junho de 2010

Passado presente ou Cicatrizes, você é quem escolhe. HIHI.

"Infelizmente, agora quem não quer mais sou eu. Já sofri muito por você." Patrícia lia a mensagem em seu celular, incrédula, quer dizer, no fundo, ela já sabia da verdade, só que seu coração se recusava a aceitar, que sua história de amor com Wanderlei teve um fim.
"Como fui estúpida, idiota, mesquinha, rídicula.. perdi o verdadeiro amor da minha vida, por farras e por liberdade. Mal sabia eu que era livre, sempre fui livre. Se arrependimento matasse, já estaria agora, jazida, morta." As lágrimas escorriam por entre o rosto da garota, que sofria cada vez mais pensando na vida, passada, que ela deixou por vários motivos na época, e hoje, sentia mais do que falta. É o fogo da lembrança que a aqueçe, que ainda a mantém viva. Cada beijo, cada abraço, cada toque, ainda permanecia ali, intacto, na sua memória e em seu coração. Por mais que tentasse se iludir com outros, sabia que seu maior amor da vida inteira fora ele, ele e Eduardo, mas o que ela sentia por Eduardo comparado a Wanderlei era mesquinho e idiota. Ela se materializava, e se perguntava se algum dia aquele buraco, aquele vazio que morava dentro dela iria acabar. Talvez não. Como dizem, um verdadeiro amor a gente nunca esqueçe. O jeito era conviver com a dor, que se comparava com a de um ferimento, no ínicio a dor é fatal, você a sente mais do que qualquer outra coisa, na realidade, a única coisa que você sente é ela, latejando e fazendo questão de mostrar que está ali, acompanhada do sangue, ela vem com a intensidade que não se pode botar em palavras, mas depois de um tempo, ela cessa um pouco e para de doer como antes, agora já não é mais daquele jeito, você até se acostuma com sua presença e ela é até bem vinda, logo depois, ela vai se curando, pois o tempo, cura todas as feridas, porém a cicatriz que ela deixa vai ser pra sempre, eterna, e nada do que você possa fazer irá mudar esse fato.
Wanderlei era mais do que o que ela precisava pra sobreviver, era sua vida, e só de pensar como ela o havia feito sofrer a fazia sentir um ódio mortal de si mesma. Ele não iria voltar. Precisava se lembrar disso, ele não iria voltar. Não iria, nunca mais.
Patrícia se levanta e caminha até a sacada de sua casa, fica ali por alguns minutos observando os pássaros, voando livremente no céu ao seu exato crepúsculo. Resolve enviar lhe uma última mensagem, decidida, tudo bem, se ele não queria estar com ela, ok. Bastasse que ele fosse feliz. Ela só queria que ele soubesse que dessa vez iria ser diferente. "Se um dia eu fiz você chorar, em meses vou te recuperar, mas uma chance pra mostrar que eu mudei." E a resposta veio logo em seguida. "Patrícia, você já foi indispensavél na minha vida, mas não insiste, será melhor assim."
Então era esse o fim, cada um com sua vida, infelizmente. Agora era só pedir para que as feridas começassem a cicatrizar rapidamente. Dor maior que aquela, a dela, ela sabia que ningúem sentia. Nessa hora o crepúsculo foi dando lugar ao céu escuro que rapidamente surgia, trazendo consigo a imensidão da lua. Era época de lua nova, e se Deus permitisse, seria também um recomeço para Patrícia. Para a nova Patrícia, aquela que não brinca com o coração dos outros.

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